Das quinze obras que Almada inclui na sua reconstituição Almada inclui duas pinturas que durante muitos anos não soube precisar o que representariam, fundamentando a sua presença no todo retabular exclusivamente por razões geométricas.
É só na década de sessenta que identifica essas duas pinturas como sendo representações de D. João I e D. Filipa de Lencastre, como doadores do projeto retabular.
A base para essa teoria está no facto de existir no MNAA uma pintura que retrata o monarca e de,em 1962, Almada ter deparado com uma representação de D. Filipa que, segundo ele, complementaria a do esposo. Associar estes dois regentes ao retábulo vem reforçar a sua ideia de que o mesmo teria sido projetado para a Capela do Fundador já que D. João I e D. Filipa de Lencastre estão aí sepultados.
Sobre o retrato de D. João I, de autor desconhecido, pouco se sabe. Estima-se que seja contemporâneo da maioria das outras pinturas e foi incorporado na coleção do MNAA em 1952, depois de Joaquim de Vasconcelos o ter visto em 1877 na Galeria de Pintura do Museu Histórico de Viena de Áustria. Seria, no entender de Almada, um fragmento de uma pintura maior em que D. João estaria retratado de joelhos, em devoção.
Sobre a imagem de D. Filipa que serve de referência para o que seria a pintura complementar à de D. João I, Almada encontra-a numa gravura patente na genealogia iluminada de António de Holanda e Simão Bening, em 1962.
Estes dois exemplares, que integram reproduções fotográficas e desenho, constituem a proposta de Almada para o que poderiam ter sido as pinturas originais.
D. Filipa de Lencastre à esquerda (ANSA-A-1040)
c. 1962
Grafite e reprodução fotográfica sobre cartolina (52 x 18 cm)
D. João I à esquerda (ANSA-A-1040)
c. 1962
Grafite, aguada e reprodução fotográfica sobre cartolina (50 x 16 cm)
Colecção particular | Fotografia ©António coelho